bala perdida

terça-feira, outubro 27, 2009

Third Dimension Second Coming

Pois é, após meses a fio de ausência, um dos fundadores da Bala - quem sabe até, possivelmente, o mais querido dos nossos leitores assiduos - regressa para postar amostras de novos trabalhos que a Bala tem feito! Desta feita a Bala aventura-se pelas representaçoes arquitectónicas hiper-realistas sempre com o toque pessoal ao qual já acostumamos os nossos seguidores e fans do nosso trabalho! Com este nova chamada à realidade espero conseguir incitar aos outros fundadores a deixarem o seu já demasiado hiato postal e que regressem à actividade neste nosso tao querido Blog!

Quanto às imagens passo a explicar que as 3 primeiras pertencem a um projecto de um Centro de dia! A ultima imagem que é exterior nocturna pertence a um projecto realizado pelo gabinete de arquitectura no qual trabalho enquanto nao estou a criar obras de arte para a Bala Perdida, e é um Centro de Luta contra a Esclerose Multiple - sem qualquer paralelo com o filme do Brad Pitt, que por sinal teve hoje um acidentezinho na sua nova motoreta (informaçao cortesia dessas tao amadas informaçoes diárias do site MSN, à saída do Hotmail)!


Espero que gostem e bemvindos de volta!








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quarta-feira, novembro 19, 2008

Mulheres Traídas



Maria José Silva não é aquilo que parece...
Assim poderia começar mais uma crónica de Carlos Antunes e Vítor Torrinha. Maria José Silva tem uma mercearia bem no centro do Porto. Maria José Silva nasceu a 3 de Agosto de 1937, na freguesia da Junqueira, Vila do Conde", segundo consta na sua página oficial. Maria José Silva escreve, realiza, compõe a música, produz e, em alguns casos, protagoniza filmes de ficção.

Não estamos aqui a falar das corriqueiras películas que podem ser apreciadas no conforto de qualquer pós-moderno multiplex de centro comercial ao som de pipocas e sorvidelas de cola, mas sim de uma linha de montagem e fabrico caseiro, assim como os enchidos que enfeitam as prateleiras da mercearia de Dona Maria, ali prós lados do Jardim de São Lázaro. Com as contribuições de familiares e conhecidos tem sido possível, ao longo das duas últimas décadas, primeiro em VHS, depois no MovieMaker, compôr um corpo de trabalho significativo e com cópias disponíveis (bem como algumas das bandas sonoras) ao balcão da sua mercearia. Títulos sugestivos como Os Velhos Não São Trapos, A Vida Sem Amor Não Presta ou, bem a calhar, Aconteceu no Natal.

Este micro-fenómeno de interesse sociológico tinha já há alguns anos, por via de uma reportagem da SIC, extravasado a pequena comunidade de clientes, amigos ou conhecidos que gravita em torno da mercearia de Dona Maria. Surge agora, porém, um documentário (vencedor da categoria correspondente nos Caminhos do Cinema Português de 2008) que aprofunda esse olhar sobre a obra de Maria José Silva, registando o processo de rodagem do seu último opus, Mulheres Traídas (tecnicamente, uma média-metragem).




Seria muito fácil apontar o dedo, até gozar com os muitos defeitos óbvios de Mulheres Traídas, (até o nome) abordando o filme segundo o que se entende como uma perspectiva "convencional" de apreciação de cinema. Assim à maneira de um "tesourinho deprimente". Mas o documentário complementar - de Miguel Marques - que acompanha Mulheres Traídas (com rodagem nas FNAC por todo o país) é exemplar na sua defesa, não porque tome declaradamente qualquer partido sobre o cinema de Maria José Silva, mas porque ilustra q.b. o trabalho, a dedicação e o interesse de um grupo de pessoas, nos antípodas da malta porreira do cinema, reunidas para fazer acontecer a visão de uma merceeira-poeta-compositora-letrista-cantora-realizadora.

E isso é infinitamente mais cinema do que, por exemplo, o Saw V.

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quinta-feira, setembro 25, 2008

Choke



Há uns anos atrás, em 1999, ainda no Século XX portanto, a extinta revista Face portuguesa (alguém se lembra?) fazia capa com o Brad Pitt em pose cabedal cool a propósito do novo filme de David Fincher, Fight Club. A curta existência desta publicação teve ao menos o condão de aguçar o meu interesse por tal película, especialmente através dos estranhos anúncios (parte da genial campanha de promoção do filme) que acompanhavam a transcrição da entrevista ao futuro senhor Jolie. O mais intigrante deles reproduzia uma imagem do Edward Norton deitado de lado no sofá com a boca aberta, umas olheiras de meio metro à volta dos olhos e a intrigante frase

não, não podes morrer de insónia.

Foi este o meu primeiro contacto com o imaginário do escritor norte-americano Chuck Palahniuk, autor do homónimo livro que o argumentista Jim Uhls adaptou para Fincher filmar em grande estilo. À saída daquela sala de cinema de província nesse longínquo ano de 1999 afigurou-se como evidente a necessidade de conhecer mais sobre a figura por detrás desse chorrilho de provocações incorporado em celulóide. Sem ser um grande sucesso de bilheteira, Fight Club não deixou ninguém indiferente, para o bem ou para o mal, sendo nos dias de hoje, quase uma década depois, apontado por muitas cabeças pensantes como o filme definitivo da geração Y (não confundir com o suplemento pseudo-culto-urbano do Público). Uma lista publicada pela revista britânica Empire há pouco tempo (mais ou menos anteontem) com os 500 melhores filmes de sempre coloca o filme num muito prestigioso décimo lugar.



Palahniuk, que escreveu Fight Club enquanto trabalhava como mecânico, depois de ter visto recusada a publicação do seu primeiro manuscrito (Monstros Invisíveis, publicado posteriormente, em 1999, editado em Portugal pela Casa das Letras), tem já uma série de romances publicados, afirmando-se hoje como um autor de culto nos E.U.A. e além-fronteiras. Após o semi-sucesso do filme que adaptava Fight Club, Survivor (Sobrevivente, também editado em Portugal pela mesma editora), uma estrambólica história sobre cultos religiosos, linhas S.O.S. Suicídio e conselhos de limpeza para fornos micro-ondas, narrada em flashback pelo protagonista enquanto pilota um avião desviado numa missão suicida, seria a próxima obra a adaptar ao cinema. Mas os acontecimentos de Setembro de 2001 fizeram com que os produtores do filme abandonassem o projecto, receando que alguém relacionasse as duas coisas e em seguida o Pentágono começasse a bombardear a casa de Palahniuk com o intuito de descobrir as armas de destruição maciça que ele guardaria numa arrecadação do quintal, junto do adubo para as leguminosas.

Após uma série de rumores sobre adaptações de outros romances que invariavelmente acabavam em desmentidos, Clark Gregg, um actor secundário de séries de televisão e cinema pegou em Choke, tomo quarto da bibliografia de Palahniuk, com o intuito de o transformar em película. Choke (Asfixia, também editado no nosso país pela Editorial Notícias, na colecção Made in U.S.A.) trata da vida um tanto peculiar - como sempre nos livros de Palahniuk - do seu protagonista, Victor Mancini, um viciado em sexo em (suposta) recuperação, que divide o tempo entre o emprego, num parque temático que reconstitui uma vila colonial americana, e visitas a uma mãe que já não o reconhece, internada num lar para idosos com problemas mentais. O título do romance remete para uma outra, menos digna, actividade que Victor exerce em restaurantes finos: provocar o sufoco através da ingestão de grandes pedaços de comida, deixando-se ser salvo pelo providencial bom samaritano com o qual estabelece uma momentânea relação de maternidade que nunca terá conseguido estabelecer com a própria mãe.



Os romances de Palahniuk partem sempre de um dispositivo do género, personagens que vivem nas margens da sociedade e que se envolvem em actos burlescos, grotescos, muitas vezes verdadeiramente escabrosos. Muitos críticos referem depreciativamente que o que Palahniuk escreve é junk food. Não deixa de ter alguma verdade essa afirmação, mas para o escritor norte-americano esse lixo é apenas mais uma matéria-prima que ele trabalha para construir narrativas cuja estrutura e temas não fogem muito do romance americano clássico (esperemos que não apareça por aqui algum estudioso das Letras para me meter no meu lugar). Os resultados variam. Choke não será dos seus melhores livros (os meus preferidos: Survivor, Fight Club e Haunted), mas o virar da última página deixa sem dúvida uma série de cenas marcantes na nossa cabeça. Vamos esperar que o filme consiga fazer alguma justiça a essas imagens. A estreia em Portugal está prevista para... parece que ainda não se sabe bem quando. É esperar.

Se alguém estiver interessado em saber mais sobre a escrita de Palahniuk, há um pequeno conto disponível aqui. É um excerto retirado de Haunted, livro que que funciona como uma espécie de compêndio de histórias de horror. O conto está alojado no site de fãs do escritor (com carradas de informação), que Palahniuk, provando que é bem fixe, nomeou como o seu site oficial.

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sexta-feira, setembro 05, 2008

Venham Mais Três

A equipa Bala na Cité (Lamego).

Precisamente hoje, perfaz este blog três anos. Três longos anos. Tão longos que se olha para trás e, além desta estante atolhada de livros que está aqui, não consigo vislumbrar mais nada. Bem, talvez fragmentos da parede que está por trás. Transcrevendo o post que deu início à viagem, acabo este que celebra a anual trilogia.


"Começou o blog mais fixe da zona."
Mari, Cité

sexta-feira, agosto 01, 2008

Payne



Na sua demanda por lucros nunca dantes imaginados (necessários para financiar um estilo de vida cujos pilares fundamentais são a coca e o champanhe Cristal) os estúdios de cinema norte-americanos têm-se virado essencialmente, nos últimos tempos, para o aproveitamento e/ou reciclagem de produtos de sucesso, tanto no seu próprio segmento (as sequelas) bem como em outras áreas próximas: êxitos livreiros - Harry Potter, Senhor dos Anéis, Príncipe com Caspa - figuras de acção - G.I. Joe, Transformers, o próprio Bruce Willis é uma espécie de boneco articulado - BD - desde o Batman "noiré" até ao "emo-Spiderman" em tons de rosa, um autêntico filão que só agora começa a ser explorado com algum discernimento (ver o dossier Demolidor, ou como se transforma uma das criações mais interessantes do mundo aos quadradinhos numa pastelada encabeçada pelo pastelão-mor Ben Affleck), etc.

Há relativamente pouco tempo julgou-se ter descoberto um novo filão: os jogos de computador/consola. O primeiro filme de que me recordo (nessa onda) é o Doom (2005), a adaptação para o cinema do jogo com o mesmo nome, uma epopeia de massacre alienígena aos comandos de bazookas que disparam raios nucleares, ou coisa que o valha. Ora, acontece que passar duas horas metido num canto do quarto com as luzes apagadas (para criar ambiente propício) a matar essa bicharada toda ao som de música industrial composta pelos NIN, não é exactamente o mesmo que "ver" três ou quatro actores a fazer o mesmo no ecrâ de uma sala de cinema. Durante o filme, à aproximação dos primeiros seres do outro mundo a abater, a tendência é para procurar instintivamente com a mão direita o toque do rato/comando, premir durante 2 segundos o botão de ataque secundário e esperar que a granada de fragmentação faça o resto. Ao invés disso, no filme os heróis escolhem sempre a arma errada e um dos elementos secundários da equipa acaba por perder a vida de forma inglória (normalmente, o que pertence a uma minoria étnica - ver também o que acontece no Transformers).


Diferenças gritantes entre o filme e o jogo.

A não-interactividade da experiência cinematográfica (para além dos esporádicos grunhidos da audiência que interferem com os efeitos sonoros produzidos pelo sistema surround) condiciona a transposição directa de produtos que funcionam à base do matraquear incessante de botões até deixar a pele dos dedos em carne viva. Surge então a necessidade de produzir um elemento muitas vezes estranho ao mundo dos vídeojogos (e de muito cinema americano recente também): o argumento. Tal como Doom, outras posteriores adaptações de jogos de grande sucesso não souberam respeitar esta regra e falharam miseravelmente (a nível de público - mesmo contando com a base de admiradores do videojogo - e reconhecimento crítico), como o recente Hitman (2007) - do jogo onde se passam muitas horas a estrangular malta com cordas de piano - ou a trilogia de banhadas Resident Evil (2002/4/7). Ou ainda o visualmente impressionante mas extremamente secante Silent Hill (2006), realizado por Christophe Gans (de quem recomendo vivamente o espatafúrdio espectáculo de kunf-fu esotérico com lobisomens - e Mark "Corvo 2" Dacascos, e a Bellucci - na França do Séc. XVIII, O Pacto dos Lobos).

A esperança em que surja algum filme de jeito no meio deste novo filão de adaptações (porque, evidentemente, não as vão deixar de produzir) vira-se então para os vídeojogos que possuam logo à partida uma história interessante e algo profunda/complexa. Há alguns anos atrás esta última afirmação era concerteza um contrasenso, tirando as excelentes aventuras gráficas da Lucasarts que preenchiam tardes (e noites) da adolescência com os Nirvana na aparelhagem a substituir os bips irritantes do PCspeaker. Porém, hoje em dia não se pode pensar da mesma maneira, pois até um género "clássico" dos videojogos como o FPS (First Person Shooter) da Segunda Guerra Mundial vai buscar elementos narrativos e de construção/encadeamento de cenas ao cinema - quem jogou o Medal of Honor e viu o Resgate do Soldado Ryan (1998) ou a série Band of Brothers (2001) já não sabe ao certo que partes é que pertencem a cada um dos três.


Max Payne redefinindo o termo ironia.

Todo este blábláblá serve essencialmente como enquadramento para a estreia (em breve) de mais uma adaptação de um vídeojogo para cinema. A diferença aqui é que pela primeira vez as expectativas (as minhas, pelo menos) são algo elevadas, porque se trata do grande Max Payne. Quem é este gajo com um nome ao mesmo tempo genial/totalmente idiota? É o protagonista de um vídeojogo noir, um polícia meio abrutalhado com um perfil semelhante ao do Ricardo Rocha, veste gabardine com forro interior de pele de leopardo onde guarda duas (pistolas com muito estilo) Beretta. O apelido Payne é uma referência ao facto de lhe terem morto a mulher e a filha (muito Steven Seagal). Quando Max Payne está ferido (no vídeojogo), não come hambúrgueres nem "corações que rodopiam no chão", nem medikits ou coisa que o valha. Max Payne recolhe analgésicos (painkillers) que de algum modo remediam a sua dor física e espiritual. Durante os tempos de carregamento das várias fases do jogo surgem vinhetas de BD, estilo novela gráfica, que enriquecem a narrativa do jogo, ao mesmo tempo que, sobre uma camada de piano melancólico, a voz de Payne, o nosso narrador na primeira pessoa (muito à noir), reflecte sobre a sua vida miserável e as 527 pessoas que vai ter de matar para pôr tudo nos eixos. Durante o decorrer desta odisseia sanguinolenta por noites cheias de neve numa cidade meia Nova Iorque, meia Chicago, sucedem-se duplas e triplas traições, desfiles de mulheres fatais e gangsters sebosos com sotaque italiano, quartos de hotel a cair aos bocados e, finalmente, inúmeras sequências de tiroteio em câmara lenta que parecem copiadas do Matrix, ou então foi ao contrário. Ah, e há um nível do jogo muito tripante que se passa num pesadelo dentro da própria cabeça do Max, enquanto ele ouve o choro do bébé e os gritos da sua mulher.


À esquerda, Payne. À direita, Marky Mark in da house!

Resumindo: Max Payne (e a sua sequela, The Fall of Max Payne) é um vídeojogo do caraças porque se disfarça como um belo de um filme noir, mas com a possibilidade de se distribuir balas pelos gajos que chateiam muito. Será que o filme conseguirá atingir ao menos uma réstia da excelência do jogo, recuperando esse espírito noir que o distinguia dos demais "tiro-neles"? A ver pelo trailer, até se acredita nisso, mas de súbito aparece o Mark Wahlberg como Payne e não consigo pensar numa escolha pior para protagonista (uma sugestão bem melhore caso se faça um segundo episódio: Michael Madsen). É dar uma olhada no trailer abaixo e esperar pela estreia (dia 17 de Outubro nos states) a ver se vale a pena. Entretanto, recomendam-se os dois jogos do Payne, para quem ainda tem tempo para isso, entre preocupações com a recessão económica e as declarações do Presidente da República sobre o estatuto autónomo dos Açores.


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quinta-feira, julho 31, 2008

RUC: O Adeus

Natal de 63. A minha cara de felicidade traduz a melhor prenda de sempre.

Amigos/as e companheiros/as:

É com grande tristeza que vos anuncio a minha saída voluntária dos estúdios da Rádio Universidade de Coimbra.
Neste post poderão ler o meu comunicado oficial à Direcção de Programação da mesma, e compartilharei também alguns momentos fotográficos que acompanharam o meu percurso radiofónico...
Não vale a pena estender-me mais, pois os elementos expostos falarão por si.

See you in another life!


Aos 16 anos descobria o fantástico mundo da radiofonia, acompanhado por uma bebida refrescante.

"Boas,

Venho deste modo informar a Direcção de Programação da RUC da minha provável desistência do estágio, e consequente abandono das ditas instalações.
Esta infelicidade surge sobretudo devido a motivos de ambição profissional que impedem de algum modo a conciliação com o prazer obtido aos microfones da radio supra descrita.

O país está mal para recém-licenciados, toda a gente sabe. Oportunidades de maior sedução e segurança surgem além fronteiras, e chegou o momento de agarrá-las com o pouco de auto-estima que me/nos resta.
Talvez um dia voltarei, talvez não...Talvez até chegue à conclusão que afinal em Portugal não estava assim tão mal.
De qualquer modo, não quero ficar a pensar na velha história do 'E se...'.

Isto não será um Adeus, mas provavelmente um Até já...

É em tom nostálgico que me despeço.
Abraços e beijos para todos/as. Ficam a amizade e o carinho criados nesse admirável palco radiofónico.
Desejo-vos o melhor,

Helder Costa "

A minha família ouvia os meus programas orgulhosamente...

Os vizinhos...

A minha avó, que esteve na guerra...

E claro...O meu amor de infância...

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domingo, julho 27, 2008

The Dark Knight


Batman regressa para tratar da saúde aos vilões de Gotham.

Depois de um bem-aventurado início de ano com a Marvel a produzir 2 excelentes filmes de super-heróis – The Incredible Hulk, e Iron Man – a fasquia estava bastante elevada para este The Dark Knight. Christopher Nolan havia, em Batman Begins, insuflado uma nova alma a Batman fazendo inclusivé olvidar-nos que tinha sido Tim Burton o primeiro a enveredar por aventuras em Gotham City. À imagem de Burton, Nolan regressaria para realizar um segundo volume da série. Ao contrário de Burton, Nolan rebentaria a escala das expectativas de Batman – fazendo, por um lado inevitável que realize mais um e, por outro, que seja demasiado longa a espera pelo próximo.
Na internet já se fala na terceira aventura de Batman pela mão de Nolan mas, devido à trágica morte de Heath Ledger há, desde logo, um elemento que carece definição: haverá alguém que esteja à altura de se transfigurar num novo Joker? (depois das performances de Jack Nicholson e Ledger).

The Dark Knight reúne um leque brutal de actores que é encabeçado por Christian Bale (finalmente confirmado que irá fazer de John Conner no 4º volume da saga do Exterminador), e Heath Ledger, passando por Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman, Michael Caine, Morgan Freeman e Cillian Murphy (os últimos 4 e Bale já haviam aparecido em Batman Begins). Dizer que o filme é, também ele, brutal, é redutor. Chicago foi usada como cenário urbano para ilustrar Gotham City – Nolan, ao que parece não estava para brincadeiras e filmou algumas sequências exteriores em IMAX – o que resultou numa aparência não tão sombria (negra) como a Gotham de Burton (e sem as máquinas de fumo) mas obviamente mais verosímil. A acção é, à falta de melhor adjectivo, excepcionalmente fabulosa e o filme beneficia de um ritmo alucinante de acontecimentos que se intercalam de uma forma soberba “It's all part of the plan” já se ouvia no trailer. E depois há o brilhantismo assustador de Ledger enquanto Joker que, de uma forma incrível, luta com o próprio Batman pelo protagonismo do filme.

Um filme de acção brilhante que será elevado rapidamente a um estatuto de culto, devido não só ao seu valor enquanto objecto mas também por ter sido o último onde habitou Ledger.

Ledger, o Joker que merecia ter um filme só dele.

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segunda-feira, julho 21, 2008

NIGHTCLUB #4 (4/4)


Chegamos, por fim, ao quarto e último tomo da crónica NIGHTCLUB em 03.07.2008.
O panorama actual dos clubes nocturnos vinga neste derradeiro episódio, com muita amplificação de luz por meio de emissão estimulada de radiação (também conhecida como lasers), muita batida que faz jus à denominação do meu alter-ego, e, principalmente, muito suor a escorrer pelos corpos em eterno movimento...

Para ouvir, imaginar e desfrutar...

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quinta-feira, julho 17, 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal



Substancialmente mais tarde do que se poderia prever, mas ainda a tempo de exercitar um grupo de neurónios adormecido desde 1989, eis que uma tranquilo princípio de tarde de Julho na cidade com mais estudantes por metro quadrado se transforma, de súbito, numa peregrinação transcontinental em busca de um artefacto alienígena de dúbia existência lógica. São já perto das 15h20m, hora marcada para o início das festividades à porta daquela sala de cinema, quando o jovem escriba da BP tenta discretamente (e sem sucesso, devido à barba de 3 semanas) infiltrar-se num grupo de canalha supervisionado por respectiva figura maternal e armado até aos dentes com pipocas e coca-cola. Objectivo: perceber o que anda o Dr. Henry Jones Jr. a fazer no ano de 1957, ou por outras palavras, assistir ao acontecimento mais importante desde a chegada do Homem à Lua (apesar de exactamente metade da redacção deste pasquim não ir muito nessa conversa do Aldrin e do Armstrong terem efectivamente pisado a superfície lunar, antes um tapete que forrava o estúdio londrino onde Kubrick encenou esse filme de propaganda Ocidental patrocinado pela Kellog's): Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.

Ainda mal se findou a clássica introdução da Paramount, já o filme meteu a terceira, arrancando com uma bela sequência que nos coloca desde logo no espírito da América dos anos cinquenta. Durante a primeira hora, Indy4 é uma espécie de viagem alucinante numa montanha-russa que vai encadeando sucessivamente grandes sequências de cinema uma após a outra, originando amiúde o reflexo pavloviano de levantar o punho erguido e gritar bem alto (para a câmara de eco de uma sala quase vazia): "Fóque! Isto é o Indiana Jones!" e "Spielberg é fixe!". Ao mesmo tempo que introduz toda a história em torno do objecto-chamariz deste quarto tomo (um artefacto supostamente alienígena), esta primeira parte consegue também evocar eficazmente cenas do passado (personagens e acontecimentos marcantes da saga, enriquecendo o franchise Indy) e ainda imiscuir o Dr.Jones numa série de acontecimentos relevantes nos E.U.A. do período inicial da Guerra Fria (cogumelos nucleares, listas negras de simpatizantes comunistas, rockabillies vs. jocks, etc).



Durante este período inical de graça, o herói escondido por detrás da silhueta de Indiana Jones é nem mais nem menos do que o realizador, Steven Spielberg, que movimenta a câmara e coordena os ritmos da acção com um à vontade que simplesmente outros 30.000 realizadores a trabalhar na terra da madeira sagrada não têm (incluindo tu, Brett Ratner). Todo este virtuosismo ao serviço de escorreitas sequências de acção é reminiscente de outro filme recente de Spielberg, o "semi-baseado em acontecimentos semi-reais" Munich, que ao fim de uma primeira hora ao nível do mestre Hitchcock, afundava-se em sentimentalismos vários, culminando naquela que é provavelmente a cena mais ridícula alguma vez projectada num cinema (à parte a totalidade do oscarizado Crash).

Indy4 segue mais ou menos a progressão do Munich (e, já agora de outros filmes recentes do Spielberg, como o A.I. ou o Minority Report, que têm umas duas horas a mais, cada um), começando com um estrondo e acabando sem deixar grandes saudades. Talvez o Spielberg ganhasse alguma coisa em trocar as longas-metragens pelas curtas e começar a concorrer a festivais de cinema em Portugal. Ou em acabar a amizade com o George Lucas, pelo menos mantê-lo longe do estúdio enquanto filma, o que reduziria concerteza a percentagem de seres de outro planeta a partilhar o ecrâ com actores a sério (apesar da desvantagem no aumento dos custos de catering).



O que fica de Indy4 é, em primeiro lugar, a certeza de que Harrison Ford fazia mais 17 Indys, se lhe pedissem. Que ecrâs azuis e macacos em 3D não valem de muito quando se pode simplesmente pedir a dois duplos para "jogar à espada" enquanto se deslocam paralelamente em dois carros a 80 à hora no meio da selva. Que os comunas são levados da breca e têm sotaques engraçados (tal como os nazis). Que, como actor, até o Shia LaBeouf é melhor que o Jar Jar Binks. Que uma montagem cruzada de um avião a voar com um mapa a ser atravessado por um risco vermelho (e o tema do John Williams por cima) é, ainda hoje, a melhor maneira de imaginar uma viagem à volta do mundo.

Uma nota final só para dizer que, felizmente, parece que a saga fica por este quarto tomo, ao contrário de rumores (iniciados pelo diabo em pessoa, George Lucas) que apontavam para uma passagem de testemunho Ford > LaBeouf. Claro que tudo depende da interpretação que se faz da penúltima cena do filme, envolvendo uma disputa pela posse do chapéu mais famoso da história do cinema.



Um sentido até sempre, Indy.

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quinta-feira, julho 10, 2008

NIGHTCLUB #3 (3/4)


Dificuldades técnicas ultrapassadas, e o NIGHTCLUB regressa finalmente, voltando a compor os objectivos traçados pelas produções da Bala para o início da grelha de Verão.
Depressões, sotaque à James Bond e o culto da pastilhada (nos dois sentidos) são elementos que envolvem este terceiro episódio de 26.06.2008.

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